"Quem me chama de traidor é a direita"
Ele não faz parte de chapas majoritárias, não integra mais a cúpula de nenhuma delas em Pernambuco e raramente protagonizou eventos políticos aqui este ano. Mas, a 20 dias do 3 de outubro, já se pode afirmar: o senador, candidato a deputado federal e presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, tornou-se a figura mais controversa da eleição estadual e deve estar no centro das principais discussões e rearrumações políticas da fase pós-eleitoral. Criticado por aliados do candidato ao governo Jarbas Vasconcelos (PMDB) - com o qual foi eleito para o Senado em 2002 - e rotulado como "traidor" por não conter a debandada de prefeitos tucanos que se integraram ao projeto de reeleição do governador Eduardo Campos (PSB), Sérgio decidiu rebater as críticas. "Não vou deixar que me façam o bode expiatório da campanha", diz ele, em entrevista ao Diario. "Nunca fui traidor nem desleal. Quem me chama de traidor eu sei quem são. São setores da Direita".
Não diz em que partido estariamestes "setores", mas se sabe que suas divergências historicamente são com o DEM. "Tudo vai ficar claro e no devido lugar, no tempo certo", despista. O PSDB de Sérgio mais o PMDB e o DEM (ex-PFL) compuseram a antiga aliança que apoiou as duas gestões de Jarbas (1999-2006). "Gostaria que todos os prefeitos do meu partido apoiassem Jarbas, mas não consegui isso. Como não conseguiu isso o DEM, que tem muito prefeitos apoiando o outro lado, e como não conseguiu o PMDB de Jarbas, que tem seis prefeitos com o outro candidato", comparou.
Em diversos momentos da entrevista, ressaltou que é a adesão de um ou outro que define a eleição. "Não é questão de mais prefeito pra lá nem pra cá que garante a vitória", afirmou. "Eleição para governador e presidente se ganha no caminho da opinião pública, não no caminho das estruturas". No jargão da política, "estrutura" é a combinação de recursos econômicos e apoio de lideranças municipais ou estaduais. Pela ênfase, ratificava o que lhe parece óbvio - a posição de desvantagem de Jarbas nas últimas pesquisas eleitorais diz respeito às movimentações do ex-governador do PMDB e à aceitação do discurso dele, não à defecção de João, Joaquim ou José. Sérgio chegou a citar candidatos oposicionistas de outros estados, que estão em crescimento nas pesquisas de sondagem pública, apesar, segundo ele, de não contarem com grandes estruturas e se encontrarem na contramão do cenário presidencial.
Perguntado mais de uma vez sobre como será o período de pós-eleição e sobre a possibilidade de aliar-se a Eduardo Campos (no caso da reeleição do governador), ele não descartou nem admitiu uma eventual aliança. "Não há nenhuma previsão de como será o day after", respondeu. "A minha decisão sobre a cena local estará vinculada à questão nacional do partido que presido".
Qual a sua avaliação sobre a eleição de Pernambuco?
A eleição estadual tem duas etapas. Na primeira etapa, a campanha de Eduardo (Campos) era muito maior que a de Jarbas (Vasconcelos). Dez, doze, quinze vezes maior que a de Jarbas. Quando começa o horário de televisão, os dois têm praticamente mais ou menos o mesmo tamanho. A tendência da campanha é ficar mais ou menos equilibrada. Se nós vamos ter a capacidade de equilibrar, não vai depender de um prefeito ou de outro, da falta de um apoio de um deputado ou de outro, mas seguramente do que os candidatos vão dizer e daquilo que os candidatos vão apresentar para ganhar a opinião pública. Porque eleição de governador, e de presidente, se dá no caminho da opinião pública e não no caminho das estruturas.
A menção à questão das estruturas seria uma defesa às críticas que vem recebendo em virtude das defecções de aliados do PSDB?
Eu estou falando isso porque é a realidade em todos os estados brasileiros. É na Bahia, aqui, em todo lugar. O PSDB tem candidatos que está disputando com uma parcela muito pequena de estrutura - e eu não falo de dinheiro, falo de uma questão mais ampla - e nós estamos ganhando, por exemplo, no Pará. Lá, Simão Jatene já abriu mais de 10 pontos de intenções de votos nas pesquisas na frente do candidato adversário. Estamos empatados no Piauí. Nós estamos, aliás o DEM, vai ganhar as eleições no Rio Grande do Norte. Não falo de Alagoas porque lá temos o governo, mas lá estamos empatados e a tendência é de vitória do PSDB. Nosso PSDB vai vencer em Goiás, contra o poder econômico, onde queriam derrotar Marconi Perillo. Em Minas Gerais, Aécio Neves mudou contra o poder de todo mundo e contra todo mundo junto, inclusive Lula. Beto Richa já se impôs e deve ganhar no primeiro turno, contra a união do PMDB lá e PT e até com PDT. Então, as eleições estaduais se decidem com padrões estaduais e movimentações estaduais e é essa movimentação que caracterizará os resultados.
Então, na sua opinião, as defecções de prefeitos e deputados do PSDB em Pernambuco não influem ou não irão interferir no resultado da campanha de Jarbas Vasconcelos?
Não são significativas. Essas defecções são clássicas. Se dão no Nordeste e posso citar também São Paulo, onde o governo federal tem muito esforço e muita posição. Não é questão de mais prefeitos para lá e mais prefeitos para cá que define eleições estaduais. Jarbas, por exemplo, ganhou contra muitos prefeitos que apoiavam Arraes (Miguel Arraes). Arraes ganhou contra muitos que apoiavam outros candidatos. O próprio Eduardo Campos tinham apoio de menos prefeitos que Mendonça (Filho). Mendonça tinha muito mais prefeitos e estrutura. Gostaria que todos os prefeitos do meu partido apoiassem Jarbas, mas não consegui. Como não conseguiu isso o DEM, que tem muito prefeitos apoiando o outro lado, e como não conseguiu o PMDB de Jarbas, que tem seis prefeitos com o outro candidato. Toda essa discussão é uma exploração descabida, de quem tem a intenção de comprometer quem não tem responsabilidade por isso.
Mas os jarbistas dizemque há uma espécie de dívida com o ex-governador Jarbas, uma vez que o seu mandato de senador foi conquistado com o apoio dele...
Eu não faço conta corrente na política, nem na vida, nem nas amizades. Se fizesse, o resultado não seria esse. Não acho que é uma questão de dívida, ou crédito ou saldo. Acho primitiva essa observação. Se essa fosse a contabilidade, era preciso fazer muitos cálculos. Mas não se trata de fazer cálculos. Eu tenho rigorosamente obrigações com Jarbas porque ele apoia nosso candidato a presidente, porque tenho um passado de lutas com ele e porque o respeito como homem público.
E nessa conta quais outras questões entrariam?
Se eu disse que não faria essa contabilidade, não vou dizer qual é a natureza da conta.
As críticas ao senhor e aos tucanos daqui parecem lhe irritar. Dá a entender que, na sua avaliação, o PSDB estaria sendo eleito como bode expiatório do processo no estado...
Não está porque não vamos deixar. Não vou deixar que me façam o bode expiatório da campanha.
Mas tentaram?
Tentaram, sim, tentaram. Tentaram e tentam, mas é uma fraude. E eu localizo os setores que tem esse tipo de interesse.
Quais são?
Não vou discutir agora. Tudo que quero é fazer campanha de candidato federal. Só quero que Jarbas ganhe e torço e trabalho muito para que Serra ganhe também.
E por qual motivo a sua candidatura ao Senado na chapa de Jarbas foi descartada?
Impossível alguém ser candidato ao senador ou a cargo majoritário ao mesmo tempo que tem de tocar as responsabilidades que estou tocando.
Não teria sido pelo temor de perder a eleição?
Não gostaria de perder a eleição. Trabalhei essa hipótese, teria chances, seria um candidato competitivo, mas seria um trabalho enorme e uma decisão humana que eu não quis tomar.
Enquanto candidato a deputado, está satisfeito com a campanha majoritária do seu candidato?
A campanha de Jarbas é pequena e as campanhas dos adversários, não só aqui em Pernambuco, são pequenas. Melhor que fosse maior, mas isso não existe.
O que acha da linha de discurso de Jarbas?
Não estou acompanhando isso e ninguém me pediu sugestão sobre isso. Vi o programa eleitoral de Jarbas. Vi dois ou três e achei de boa qualidade.
Como está hoje sua relação com o senador Jarbas? Tem tido contato com ele?
Não é um contato regular. Eu na minha campanha e ele na dele. Eu tenho estado mais fora daqui, mas não tenho nenhum constrangimento de falar com ele.
Mas depois desta eleição sua relação política e pessoal com ele continuará a mesma?
Se depender de mim, continuará a mesma. Mas depende de muitos fatos, da atitude que Jarbas venha a tomar, enfim que está no plano pessoal e eu não gostaria de discutir.
E qual é a chance de uma aliança sua com Eduardo Campos, caso ele vença a reeleição?
Eu poderia ser aliado de Eduardo Campos há muitos anos, desde que o partido dele não fosse o PSB e tivesse uma política nacional e o PSDB tivesse outra. A minha decisão sobre a cena local estará vinculada à questão nacional do partido que presido.
Então, há chance também de se aproximar do atualgovernador, Eduardo Campos?
Não há nenhuma previsão de como será o day after. Eu tenho apenas uma convicção: no dia 4 de outubro, temos de começar a trabalhar uma reforma política ampla e segura. Não dá para disputar eleição como essa. Essa eleição é uma vergonha por causa do poder econômico, influência das estruturas, manipulação e tudo que se pode imaginar.
Essa campanha está muito mais fria que outras disputas estaduais...
E o povo tem razão. As discussões reais não se dão. Se perguntar qual é o projeto para o futuro, qual é? existe? É preciso lançar projetos. Duplicar a BR-101, andar com Suape, fazer refinaria e a transposição das águas do São Francisco é uma agenda que tem de ser completada, claro, mas é preciso começar a pensar outra. Essa somente não resolve a questão socioeconômica do estado. É preciso muito mais. Eu, por exemplo, estou preocupado com a questão do meio ambiente no estado e no Nordeste. Nosso maior patrimônio, que são as praias, estão sendo dizimadas, ora pelo mar ora pela população que vive na área ribeirinha. Eu não conheço nenhuma estratégia para resolver isso.
Acha que os dois principais candidatos ao governo não...
Ao invés de as campanhas definirem temas como esses, estamos numa discussão pouco produtiva. O que eu leio das campanhas estaduais não é nada construtivo. Pelo que vejo, são pequenas pegadinhas e eu não gosto de pegadinhas. As campanhas deviam ser outra coisa.
A oposição vai sair enfraquecida no estado?
Vai depender da oposição no Brasil e da eleição presidencial. Uma coisa para pensar: enquanto Dilma cresceu no Brasil todo e Serra caiu, candidatos da oposição cresceram. Não sei dizer se a oposição vai encolher aqui em Pernambuco. Os partidos aqui precisam de ampla reforma, inclusive o PSDB. Precisam de renovação, mudança e de abertura. Desejo cada vez mais que acabe essa história de PSDB de Sérgio Guerra.
Como vê a crítica de traidor que lhe fazem aqui?
Quando era deputado estadual e líder da oposição (1983-1986), Roberto Magalhães era o governador e eu tinha um amigo no governo: Luiz Otávio Cavalcanti, que era um excelente secretário da Fazenda. Eu conversava com Luiz Otávio e tinha uma relação civilizada com Roberto Magalhães. Era um adversário duro do governo dele. Alguns, que muito atrasados, me chamavam de traidor, depois o próprio Dr. Roberto quando me chamou para vice da chapa dele respondeu muitas vezes a isso. Disse que fui um oposicionista duro, mas leal. Nunca fui traidor nem desleal. Quem me chama de traidor eu sei quem são. São setores da Direita. Então, essa compreensão de certos setores da direita não me surpreende, nem me intimida. Tudo vai ficar muito claro. Claro e no devido lugar. É só uma questão de tempo.
Diário de Pernambuco.
COMENTO EU
Um dos setores que o chama de traidor é o grupo Mendonça. E eu faço coro: TRAIDOR DUMA FIGA
Ele não faz parte de chapas majoritárias, não integra mais a cúpula de nenhuma delas em Pernambuco e raramente protagonizou eventos políticos aqui este ano. Mas, a 20 dias do 3 de outubro, já se pode afirmar: o senador, candidato a deputado federal e presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, tornou-se a figura mais controversa da eleição estadual e deve estar no centro das principais discussões e rearrumações políticas da fase pós-eleitoral. Criticado por aliados do candidato ao governo Jarbas Vasconcelos (PMDB) - com o qual foi eleito para o Senado em 2002 - e rotulado como "traidor" por não conter a debandada de prefeitos tucanos que se integraram ao projeto de reeleição do governador Eduardo Campos (PSB), Sérgio decidiu rebater as críticas. "Não vou deixar que me façam o bode expiatório da campanha", diz ele, em entrevista ao Diario. "Nunca fui traidor nem desleal. Quem me chama de traidor eu sei quem são. São setores da Direita".
Não diz em que partido estariamestes "setores", mas se sabe que suas divergências historicamente são com o DEM. "Tudo vai ficar claro e no devido lugar, no tempo certo", despista. O PSDB de Sérgio mais o PMDB e o DEM (ex-PFL) compuseram a antiga aliança que apoiou as duas gestões de Jarbas (1999-2006). "Gostaria que todos os prefeitos do meu partido apoiassem Jarbas, mas não consegui isso. Como não conseguiu isso o DEM, que tem muito prefeitos apoiando o outro lado, e como não conseguiu o PMDB de Jarbas, que tem seis prefeitos com o outro candidato", comparou.
Em diversos momentos da entrevista, ressaltou que é a adesão de um ou outro que define a eleição. "Não é questão de mais prefeito pra lá nem pra cá que garante a vitória", afirmou. "Eleição para governador e presidente se ganha no caminho da opinião pública, não no caminho das estruturas". No jargão da política, "estrutura" é a combinação de recursos econômicos e apoio de lideranças municipais ou estaduais. Pela ênfase, ratificava o que lhe parece óbvio - a posição de desvantagem de Jarbas nas últimas pesquisas eleitorais diz respeito às movimentações do ex-governador do PMDB e à aceitação do discurso dele, não à defecção de João, Joaquim ou José. Sérgio chegou a citar candidatos oposicionistas de outros estados, que estão em crescimento nas pesquisas de sondagem pública, apesar, segundo ele, de não contarem com grandes estruturas e se encontrarem na contramão do cenário presidencial.
Perguntado mais de uma vez sobre como será o período de pós-eleição e sobre a possibilidade de aliar-se a Eduardo Campos (no caso da reeleição do governador), ele não descartou nem admitiu uma eventual aliança. "Não há nenhuma previsão de como será o day after", respondeu. "A minha decisão sobre a cena local estará vinculada à questão nacional do partido que presido".
Qual a sua avaliação sobre a eleição de Pernambuco?
A eleição estadual tem duas etapas. Na primeira etapa, a campanha de Eduardo (Campos) era muito maior que a de Jarbas (Vasconcelos). Dez, doze, quinze vezes maior que a de Jarbas. Quando começa o horário de televisão, os dois têm praticamente mais ou menos o mesmo tamanho. A tendência da campanha é ficar mais ou menos equilibrada. Se nós vamos ter a capacidade de equilibrar, não vai depender de um prefeito ou de outro, da falta de um apoio de um deputado ou de outro, mas seguramente do que os candidatos vão dizer e daquilo que os candidatos vão apresentar para ganhar a opinião pública. Porque eleição de governador, e de presidente, se dá no caminho da opinião pública e não no caminho das estruturas.
A menção à questão das estruturas seria uma defesa às críticas que vem recebendo em virtude das defecções de aliados do PSDB?
Eu estou falando isso porque é a realidade em todos os estados brasileiros. É na Bahia, aqui, em todo lugar. O PSDB tem candidatos que está disputando com uma parcela muito pequena de estrutura - e eu não falo de dinheiro, falo de uma questão mais ampla - e nós estamos ganhando, por exemplo, no Pará. Lá, Simão Jatene já abriu mais de 10 pontos de intenções de votos nas pesquisas na frente do candidato adversário. Estamos empatados no Piauí. Nós estamos, aliás o DEM, vai ganhar as eleições no Rio Grande do Norte. Não falo de Alagoas porque lá temos o governo, mas lá estamos empatados e a tendência é de vitória do PSDB. Nosso PSDB vai vencer em Goiás, contra o poder econômico, onde queriam derrotar Marconi Perillo. Em Minas Gerais, Aécio Neves mudou contra o poder de todo mundo e contra todo mundo junto, inclusive Lula. Beto Richa já se impôs e deve ganhar no primeiro turno, contra a união do PMDB lá e PT e até com PDT. Então, as eleições estaduais se decidem com padrões estaduais e movimentações estaduais e é essa movimentação que caracterizará os resultados.
Então, na sua opinião, as defecções de prefeitos e deputados do PSDB em Pernambuco não influem ou não irão interferir no resultado da campanha de Jarbas Vasconcelos?
Não são significativas. Essas defecções são clássicas. Se dão no Nordeste e posso citar também São Paulo, onde o governo federal tem muito esforço e muita posição. Não é questão de mais prefeitos para lá e mais prefeitos para cá que define eleições estaduais. Jarbas, por exemplo, ganhou contra muitos prefeitos que apoiavam Arraes (Miguel Arraes). Arraes ganhou contra muitos que apoiavam outros candidatos. O próprio Eduardo Campos tinham apoio de menos prefeitos que Mendonça (Filho). Mendonça tinha muito mais prefeitos e estrutura. Gostaria que todos os prefeitos do meu partido apoiassem Jarbas, mas não consegui. Como não conseguiu isso o DEM, que tem muito prefeitos apoiando o outro lado, e como não conseguiu o PMDB de Jarbas, que tem seis prefeitos com o outro candidato. Toda essa discussão é uma exploração descabida, de quem tem a intenção de comprometer quem não tem responsabilidade por isso.
Mas os jarbistas dizemque há uma espécie de dívida com o ex-governador Jarbas, uma vez que o seu mandato de senador foi conquistado com o apoio dele...
Eu não faço conta corrente na política, nem na vida, nem nas amizades. Se fizesse, o resultado não seria esse. Não acho que é uma questão de dívida, ou crédito ou saldo. Acho primitiva essa observação. Se essa fosse a contabilidade, era preciso fazer muitos cálculos. Mas não se trata de fazer cálculos. Eu tenho rigorosamente obrigações com Jarbas porque ele apoia nosso candidato a presidente, porque tenho um passado de lutas com ele e porque o respeito como homem público.
E nessa conta quais outras questões entrariam?
Se eu disse que não faria essa contabilidade, não vou dizer qual é a natureza da conta.
As críticas ao senhor e aos tucanos daqui parecem lhe irritar. Dá a entender que, na sua avaliação, o PSDB estaria sendo eleito como bode expiatório do processo no estado...
Não está porque não vamos deixar. Não vou deixar que me façam o bode expiatório da campanha.
Mas tentaram?
Tentaram, sim, tentaram. Tentaram e tentam, mas é uma fraude. E eu localizo os setores que tem esse tipo de interesse.
Quais são?
Não vou discutir agora. Tudo que quero é fazer campanha de candidato federal. Só quero que Jarbas ganhe e torço e trabalho muito para que Serra ganhe também.
E por qual motivo a sua candidatura ao Senado na chapa de Jarbas foi descartada?
Impossível alguém ser candidato ao senador ou a cargo majoritário ao mesmo tempo que tem de tocar as responsabilidades que estou tocando.
Não teria sido pelo temor de perder a eleição?
Não gostaria de perder a eleição. Trabalhei essa hipótese, teria chances, seria um candidato competitivo, mas seria um trabalho enorme e uma decisão humana que eu não quis tomar.
Enquanto candidato a deputado, está satisfeito com a campanha majoritária do seu candidato?
A campanha de Jarbas é pequena e as campanhas dos adversários, não só aqui em Pernambuco, são pequenas. Melhor que fosse maior, mas isso não existe.
O que acha da linha de discurso de Jarbas?
Não estou acompanhando isso e ninguém me pediu sugestão sobre isso. Vi o programa eleitoral de Jarbas. Vi dois ou três e achei de boa qualidade.
Como está hoje sua relação com o senador Jarbas? Tem tido contato com ele?
Não é um contato regular. Eu na minha campanha e ele na dele. Eu tenho estado mais fora daqui, mas não tenho nenhum constrangimento de falar com ele.
Mas depois desta eleição sua relação política e pessoal com ele continuará a mesma?
Se depender de mim, continuará a mesma. Mas depende de muitos fatos, da atitude que Jarbas venha a tomar, enfim que está no plano pessoal e eu não gostaria de discutir.
E qual é a chance de uma aliança sua com Eduardo Campos, caso ele vença a reeleição?
Eu poderia ser aliado de Eduardo Campos há muitos anos, desde que o partido dele não fosse o PSB e tivesse uma política nacional e o PSDB tivesse outra. A minha decisão sobre a cena local estará vinculada à questão nacional do partido que presido.
Então, há chance também de se aproximar do atualgovernador, Eduardo Campos?
Não há nenhuma previsão de como será o day after. Eu tenho apenas uma convicção: no dia 4 de outubro, temos de começar a trabalhar uma reforma política ampla e segura. Não dá para disputar eleição como essa. Essa eleição é uma vergonha por causa do poder econômico, influência das estruturas, manipulação e tudo que se pode imaginar.
Essa campanha está muito mais fria que outras disputas estaduais...
E o povo tem razão. As discussões reais não se dão. Se perguntar qual é o projeto para o futuro, qual é? existe? É preciso lançar projetos. Duplicar a BR-101, andar com Suape, fazer refinaria e a transposição das águas do São Francisco é uma agenda que tem de ser completada, claro, mas é preciso começar a pensar outra. Essa somente não resolve a questão socioeconômica do estado. É preciso muito mais. Eu, por exemplo, estou preocupado com a questão do meio ambiente no estado e no Nordeste. Nosso maior patrimônio, que são as praias, estão sendo dizimadas, ora pelo mar ora pela população que vive na área ribeirinha. Eu não conheço nenhuma estratégia para resolver isso.
Acha que os dois principais candidatos ao governo não...
Ao invés de as campanhas definirem temas como esses, estamos numa discussão pouco produtiva. O que eu leio das campanhas estaduais não é nada construtivo. Pelo que vejo, são pequenas pegadinhas e eu não gosto de pegadinhas. As campanhas deviam ser outra coisa.
A oposição vai sair enfraquecida no estado?
Vai depender da oposição no Brasil e da eleição presidencial. Uma coisa para pensar: enquanto Dilma cresceu no Brasil todo e Serra caiu, candidatos da oposição cresceram. Não sei dizer se a oposição vai encolher aqui em Pernambuco. Os partidos aqui precisam de ampla reforma, inclusive o PSDB. Precisam de renovação, mudança e de abertura. Desejo cada vez mais que acabe essa história de PSDB de Sérgio Guerra.
Como vê a crítica de traidor que lhe fazem aqui?
Quando era deputado estadual e líder da oposição (1983-1986), Roberto Magalhães era o governador e eu tinha um amigo no governo: Luiz Otávio Cavalcanti, que era um excelente secretário da Fazenda. Eu conversava com Luiz Otávio e tinha uma relação civilizada com Roberto Magalhães. Era um adversário duro do governo dele. Alguns, que muito atrasados, me chamavam de traidor, depois o próprio Dr. Roberto quando me chamou para vice da chapa dele respondeu muitas vezes a isso. Disse que fui um oposicionista duro, mas leal. Nunca fui traidor nem desleal. Quem me chama de traidor eu sei quem são. São setores da Direita. Então, essa compreensão de certos setores da direita não me surpreende, nem me intimida. Tudo vai ficar muito claro. Claro e no devido lugar. É só uma questão de tempo.
Diário de Pernambuco.
COMENTO EU
Um dos setores que o chama de traidor é o grupo Mendonça. E eu faço coro: TRAIDOR DUMA FIGA
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