Indignar-se é possível

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Indignar-se é possível

Os brasileiros vêm perdendo, nos últimos anos sobretudos, um dos instrumentos que mais nos permitiu chegar ao nível de democracia a que chegamos: a capacidade indignar-se. De nada adianta justificar esse fato, alegando, como fazem, recheando-nos de chavões, que “político é tudo igual”, ou que “melhor um que rouba, mas faz do que um que só rouba”, como escutamos a torto e a direito.

O presidente Lula é dono de um carisma irrefutável. Inegável. Inegável também, para nós, de espírito Democrata, é que a origem pobre do presidente não pode servir de justificativa para sua anuência, ou, como preferem alguns, desconhecimento, de vários fatos ilegais, imorais (mas que só engordam as contas bancárias alheias) ocorridos no exercício de seu mandato. É exatamente o inverso. Por ser de origem humilde, justamente, é que deveria ter mais agudeza (ou honestidade mesmo). Pobreza e humildade nunca foram desculpas para inércia nem para roubalheira.

Pois bem. O presidente tem, ao longo de sua trajetória política, arregimentado muitos seguidores, mesmo quando estava alijado do poder. Agora, então, usando a máquina administrativa, ele tem se superado na tentativa desenfreada de eleger sua sucessora. Além de seguidores, tem conquistado fãs incontestes, incapazes de se revoltarem com quaisquer que sejam os atos praticados por sua gente.

Mensalão. Sanguessugas Vampiros. Vavá. Benedita na Argentina. Conselho de jornalismo. Propinoduto. Receitagate... Ufa! Quantos outros! Nenhum desses isoladamente, nem a seqüência desses, têm conseguido fazer as pessoas perceberem a verdadeira face do governo lulista: corrupção, estagnação e aparalhamento da máquina pública. Em troca de algumas moedas, lançadas pelo projeto Bolsa Família (filho bastardo do Bolsa Escola, de FHC), ou então utilizando-se de um pesado poderio publicitário, Lula tem conseguido o perdão, por parte das pessoas beneficiadas, de seus inúmeros erros, além de mentir, descaradamente, dizendo que não sabe de nada, nunca soube, e achincalhando a legislação eleitoral descarada e assumidamente.

E para piorar, o efeito parece ser contagioso. Seus “companheiros”, ou melhor, “comparsas” têm adquirido blindagem similar ao Apedeuta. Palocci, João Paulo Cunha, Renan e outros estão aí cotando histórias e rindo da cara dos brasileiros. Tanto que ao que indicam as pesquisas, Dona Dilma será eleita sem nenhum merecimento para o cargo a não ser o apadrinhamento de Lula.

Hoje em dia não se pode mais criticar, sob pena de ser taxado de “burguês medíocre”, “desesperado político” entres outras pérolas que, amiúde, surgem do reduzido vocabulário esquerdista, o governo do Presidente Lula nem sequer um governo aliado inerte, burocrático, desajeitado e cooptador, como é o governo de Pernambuco. Isso porque o Governador é “aliado”, “amigo” ou cúmplice de Lula.

A quem faz oposição, a tarefa não é fácil, mas também não é desalentadora. Ao contrário, a certeza de que logo a “magia lulista” fenecerá nos dá a garra necessária para seguir denunciando, criticando e enfiando o dedo nas feridas desse desgoverno em voga.

Fica, portanto, o apelo às consciências, para que os que o admiram ainda, saibam diferenciar admiração de adoração, e que saibam exigir uma postura ética, dele e dos seus. Fica também o convite aos que (ainda) não se entregaram aos atributos do governo federal, para que se mantenham atentos, vigilantes e dispostos a não deixar sem resposta os descalabros petistas.

Quando ouvirmos da boca dele que um partido da oposição tem que ser extirpado, saibamos responder “Não, presidente. O partido da oposição tem que continuar existindo se essa for a vontade do povo que nele vota”. Somos poucos? Não importa. Se formos eficazes, ainda que poucos, seremos nós os responsáveis por empatar que se instale aqui a ditadura trotskista ensaiada por estes que aí estão. Daremos a volta por cima, estejam certos.

Wagner Rafaell Peixoto
Juventude Democrata Pernambuco

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