Oposição estadual começa a confrontar as gestões

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Manoel Medeiros Neto
mmedeiros@jc.com.br

Ainda sem uma pré-candidatura oficial, e a apenas três meses do início da campanha, a bancada de oposição ao governo estadual deu início ontem ao plano de delimitar através de ações de rua o discurso que adotará, seja quem for o seu candidato contra o palanque da reeleição do governador Eduardo Campos (PSB). Na avaliação do grupo, chegou a hora de construir um embate comparativo entre as gestões do ex-governador peemedebista Jarbas Vasconcelos (1999-2006) e do atual gestor. Sem grandes estruturas de mobilização, o grupo decidiu focar, na primeira ofensiva do ano, na gestão do programa de implantação de escolas de tempo integral, projeto implementado por Jarbas em 2003 e continuado por Eduardo desde 2007.

No discurso oficial do Palácio das Princesas, o número de escolas de referência – como são denominadas as instituições públicas de ensino médio que funcionam em tempo integral – partiu de 13, em 2006, para 56 em funcionamento hoje. Fora essas, 57 escolas funcionam, de acordo com a Secretaria de Educação, no esquema semi-integral. A oposição, no entanto, defende a tese de que a gestão das escolas implantadas por Eduardo não segue a excelência implementada no governo Jarbas. Numa caravana realizada ontem, os oposicionistas visitaram o Ginásio Pernambuco (Santo Amaro), primeira escola a receber o novo sistema, em 2003, e a escola Desembargador Renato Fonseca, em Olinda.

Nas duas visitas, os parlamentares encontraram cenários distintos e reclamações recorrentes. A estrutura do Ginásio, com biblioteca equipada e museu, por exemplo, destoa completamente da situação verificada em Olinda, onde o projeto de ensino integral funciona desde 2008. Entre alunos e professores, as insatisfações apontam para a redução da quantidade de refeições por dia (de quatro para duas), o atraso na entrega da farda e do material escolar – cadernos e livros didáticos – e a má qualidade da infraestrutura dos prédios educacionais. “O governo está mascarando (a realidade)”, afirmou Marília Motta, aluna do Ginásio Pernambucano, em conversa com os deputados oposicionistas.

“Na gestão Jarbas, havia um planejamento antes da implantação das escolas de tempo integral. Hoje as escolas viraram uma prisão, porque na maioria delas inexiste estrutura adequada”, afirmou Terezinha Nunes (PSDB). “A escola de Olinda, muito mal aparelhada, prova que a referência é apenas o nome. É mais uma prova do discurso enganoso do governo”, atacou Augusto Coutinho (Democratas).

Na defesa do Palácio, o líder governista, Isaltino Nascimento (PT), citou números que, segundo ele, embasam a atuação do governo na educação. “A oposição procura encontrar algum elemento que os fortaleça. Ampliamos em dez vezes o número de escolas de tempo integral, sem discriminação com o interior”, alfinetou.

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