NOTA À IMPRENSA e Greve dos professores é o pior dos dilemas

sábado, 11 de julho de 2009


Leia a seguir a NOTA À IMPRENSA DIVULGADA PELO GOVERNO DO ESTADO e um texto de Pierre Lucena, do BLOG ACERTO DE CONTAS

"NOTA À IMPRENSA
O Governo do Estado repudia a decisão do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) em optar pela continuidade da greve, mesmo diante da liminar que atesta a ilegalidade do movimento grevista dos professores da rede estadual e que determina a volta imediata da categoria ao trabalho.
A Secretaria de Administração (SAD) ratifica o conjunto de medidas anunciadas para garantir a continuidade do ano letivo, evitando assim prejuízo aos alunos da rede estadual. São elas: controle de freqüência; corte do ponto; desconto na remuneração dos servidores grevistas e pagamento do salário no dia 5 de agosto, enquanto que os demais receberão de acordo com o calendário do segundo semestre que será divulgado pelo Estado; contratação temporária com a convocação de profissionais do banco de reserva dos processos seletivos em curso e realização de seleção nos municípios onde não existir banco de reserva; remoção dos servidores em greve das escolas de referência para as GRE’s; rescisão dos servidores temporários e encaminhamento à comissão de sindicância dos casos de diretores ou adjuntos que aderirem à paralisação".


COMENTO EU:
Pelo visto, o governo está disposto mesmo a não abrir retaguarda para os sindicalistas. A pressão é forte, mas os secretários e o governador se mostram firmes em não negociar enquanto não decretarem o fim da Greve ILEGAL.



Quase todo ano é a mesma coisa: greve dos professores da rede estadual de ensino. Não se chega a uma solução pelo simples fato de que o salários dos docentes de ensino médio e fundamental é uma verdadeira merreca.

O Governo do Estado adiantou o valor do piso nacional de R$ 950,00, e esperava certa boa vontade do Sindicato dos Professores nos momentos futuros. Este por sua vez, que é formado por um grupo partidarizado, resolveu que queria adiantar também o valor do piso do ano que vem, e deflagrou a greve.

A razão neste pleito específico não está com os professores, apesar de ser necessário dizer que adiantar o piso de R$ 950,00 é muito pouco, em comparação com os salários que se pagam em algumas carreiras, como Procurador do Estado e fazendários. Resolveram os problemas destes e esqueceram de grande parte do Estado. Não que devam ganhar pouco, mas mostra que não houve prioridade para as atividades-fim.

O Governo deveria mostrar que vai primeiro resolver o caso dos professores e dos médicos, e mostrar o mesmo vigor de luta que mostra nos aumentos da Celpe, contra estas categorias beneficiadas, incluindo aí os promotores que ganham perto de R$ 20 mil.

O salário dos professores é aviltante, e merece uma solução, nem que seja a médio prazo. O estabelecimento do piso foi um avanço, mas muito pouco. Principalmente porque o Governo resolveu cobrar (corretamente) dos professores, colocando até suas frequências na internet. Deveria fazer isso com os médicos, procuradores e fazendários.

Não se pode mais reclamar que professores não trabalham ou que se escoram, como outras categorias. Sou testemunha que grande parte da categoria trabalha com muito amor à causa, com grandes adversidades, muitas vezes correndo risco da própria integridade física.

Por outro lado, o Sindicato se transformou em um feudo partidário, liderado pela ex-presidente Teresa Leitão, que nestes momentos fica sem saber se é Governo ou oposição. Mas isso é até natural, já que a saia justa é grande.

E assim caminha a educação no Governo Eduardo. Apesar dos esforços do Secretário Danilo Cabral, que vem se mostrando criativo e com certa força política no Governo, ainda é preciso fazer muito mais. Corre o risco de ficar na mesmice que permeia o setor desde sempre.

A greve dos professores é um dos piores problemas enfrentados no Estado. Há um certo reconhecimento por parte de todos de que os salários são péssimos, e de que os indicadores são horríveis. Por outro lado, o simples reajuste não é garantia de melhoria no curto prazo. Apenas resolve um impasse com a categoria.

A verdade é que não há planejamento e compromisso com a educação em um prazo mais longo. Não se pensa na categoria docente como um agente de mudanças, apenas como profissionais pouco valorizados, e que não tem condições de trabalhar com competência.

E essa desconfiança e desvalorização ainda custará muito caro ao país.

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