Dois dedinhos de prosa com uma cara leitora

Uma leitora escreveu ao blog para comentar a receptividade do ex-prefeito João Mendonça, em evento na quadra do Colégio Diocesano. Diz o e-mail:


FIQUEI MUITO IMPRESSIONADA COM A RECEPTIVIDADE QUE O EX PREFEITO JOÃO MENDONÇA TEVE HOJE PELOS PROFESSORES NA QUADRA DO COLÉGIO DIOCESANO FOI MUITO EMOCIONANTE

Isso quer dizer que tem gente com saudade de João ou é impressão minha, Rosicleide?





E sobre a greve, o amigo Francisco escreve

Wagner eu lí essa sua matéria sobre greve e quero lhe dizer que o professor só faz greve como último recurso a ser usado. Infelismente nossos governantes só entendem essa linguagem. A greve é sim um recurso que o professor usa quando se esgotam todas as negociações.

Francisco, eu espero que tenha sido mesmo a última instância. Ainda assim, como professor, eu penso nos alunos. Penso no juramento que fiz quando recebi o tal canudo. Aliás, não eram os professores do estado que agitavam bandeirolas com o nome do governador há pouco tempo, em agradecimento pelos Notebooks? Até esqueceram que ele lhes tirou o direito de elegar os gestores, de forma direta.



Até que enfim alguém teve a audácia de se identificar. Gostei muito dos argumentos da leitora JULIANA. Vejam o que ela diz (em vermelho). Eu, em azul:

A greve existe, é legítima e contra fatos ñ há argumentos, pois estamos cobrando do governo eduardino o que é nosso por direito:a implatação do Piso Nacional Salarial. Caso vc ñ saiba ainda, este já é lei, mas nosso governador teima em descumprí-la. Se ele ñ cumpre, logo está fora da lei (você sabe o que são consideradas e como são tratadas pessoas de menor poder aquisitivo e prestígio em nossa sociedade, ñ sabe? Desconfio que ele só escapa pq faz uso de um bom paletó e gravatá rsrsrs...).

Até aí eu concordo em gênero e número (pra quem ainda não aprendeu, não há concordância em relação ao grau) com sua opinião, cara Juliana. A lei está em vigor há tempos, e o estado aderiu no ano passado, com toda a pompa e circunstância que a ocasião “política” solicitava. A bem da verdade, a implementação do piso em Pernambuco veio com a eliminação de benefícios que fizeram com que os mais antigos na carreira não vissem com bons olhos a tal implantação. Se há uma lei que o governador não cumpre, ele está prevaricando. Deve responder inclusive criminalmente por isso. Vamos protestar, sim. Mas não deixemos os alunos sem aulas, meus colegas. Eles não são os culpados.

vc diz em seu perfil que se formou em Letras pela UFPE, agora gostaria de saber se vc teria o desplante de perguntar a qualquer um dos professores dessa instituição se eles também entraram lá enganados? Por que será que eles fazem greve? Na sua época eles faziam greve nas férias? Cito apenas aqui a UFPE, porque a considero uma das instituições de ensino mais respeitadas do Brasil e acho que as greves em sequência da mesma em nada abalaram sua credibilidade, pois hoje percebo que os meus, os seus, os nossos professores estavam lutando por causas justas.

Sim. Já tive esse desplante. Eu enfrentei três greves nos meus 4 anos de curso. Alguns professores que eram contrários à greve acabavam aderindo “na marra”. Era ilógico em uma turma que pagava seis disciplinas, por exemplo, apenas um professor manter as aulas. Então suspendia-se também as aulas, embora ficasse claro que esse não era o desejo do professor. Esses eram respeitados e os outros, achincalhados.

Não. Não faziam greve nas férias. Eram pilantras sindicalistas e usavam a mesma tática dos daqui e do resto do Brasil e do Mundo. A credibilidade da instituição não foi abalada por greves, e sim por outros fatores, tais como Reune, RU e afins. Ganham 5, 6 mil reais. Alguns mais chafurdam que dão aula.



Meu caríssimo colega, a falta de compromisso do governo de Pernambuco com uma educação de qualidade (digo QUALIDADE e não QUANTIDADE!) prejudica bem mais nossos alunos do que o movimento grevista.

Se prejudica mais ou menos não dá pra calcular. Prejudica na mesma proporção, digamos. Então a senhorita corrobora minha visão de que as greves são prejudiciais e me ajuda a desmentir outra leitora, que disse que a greve é benéfica aos alunos.

Para concluir, estava lendo aqui suas respostas com relação a outros leitores do seu blog e pude perceber que você, apesar de recém formado já está precisando de uma atualização, visto que você tenta construir argumentos em cima de questões "gramatiqueiras". Como assim aula de gramática em um blog de assunto geral?

Eu não construo meus argumentos em torno de questões de gramática. Não aqui. Não baseei minhas afirmações em cima disso. Apenas preservo a inculta e bela de modo belo, porém não inculto. Não me atenho a essa questões, mas não pude deixar passar a oportunidade de dar uma cutucada. É meu estilo. Mas aposte que não me atenho jamais a esse aspecto.

Olha o contexto, olha a linguística!Construa argumentos em cima de ideias. Deixe as aulas de grámatica para seus alunos.Criar um blog (lá vc poderia extravasar sua gramática) para eles com conteúdos de suas aulas seria interessante, como eu o fiz.Fica a sugestão...

Se você souber o que eu penso da linguística e dos lingüistas, aí sim a gente iria discutir um bocado de tempo. Eu não me preocupo, como os inertes linguistas, em explicar por que as pessoas falam errado. Eu me preocupo sim em orientá-las a usar melhor a língua, em situações formais, em certos contextos. Posso conhecer sue blog sobre linguagem? Eu também erro aqui. como esse "sue" na linha anterior, que devia ser "seu".




No mais, tb nasci na década de 80, tb estudei na UFPE, tb trabalho com educação.Agora só lamento que vc, apesar de tão jovem tenha pensamentos tão reacionários.Bom, mas respeito sua opinião mesmo achando que ela não interfere e nem muda nada.Em suma:sua opinião é de ínfima relevância, meu caro.Siga sua luta aí com seus alunos, que nós seguimos aki com os nossos.

Não lamente. Eu me formei na UFPE e aprendi a dar aulas. Aprendi a ter certo domínio sobre a gramática e na produção e interpretação de texto. Não aprendi a fazer greve, não aprendi a reclamar da vida, a deixar a barba crescer, usar uma boina e uma camisa com a foto de Che e acampar na frente do Palácio do Governo. Não lamente eu ter um pensamento de não fazer greve e sim de dar aulas. Aposto que dando aula eu sou mais produtivo que fazendo piequete em porta de gabinete.

"Lutar pelo bom, pelo justo, pelo melhor do mundo".Sabe de quem é a frase? Se não sabe, vá procurar.Se quiser aulas de construção de argumentos em cima de ideias eu tb dou e para colegas de profissão eu tb cobro barato.

Sei sim. A frase é de alguém que teve um destino que, definitivamente, não quero pra mim. Voce quer? Sobre as aulas, aceito se você conhecer as teses de schopenhauer sobre construção de argumentos.

Por fim, dizer que acho justíssimo que o professor assim como qualquer profissional lute por melhores condições para ele. Afinal, todos queremos melhores salários, não é? Só naão venha dizer logo a mim que a greve é positiva pros alunos e que a fazem pensando nele. Pra cima de mim não.