Náutico: um luxo de 110 anos

quinta-feira, 7 de abril de 2011


O momento é ótimo. O time apresenta um bom futebol, está invicto em casa e já confirmou a classificação para as semifinais do Campeonato Pernambucano. Só estes seriam motivos de sobra para o torcedor do Náutico comemorar. Mas nesta quinta-feira há um motivo - e bem grande - a mais. O timbu completa 110 anos. Muito bem vividos, com direito a vitórias (muitas), alegrias (enormes) e algunas decepções porque é caindo que se levanta. E o Clube Náutico Capibaribe nunca deixou de se levantar.

Como o próprio nome dá a entender, o Náutico não nasceu com uma bola nos pés. A origem foi nas águas do Rio Capibaribe, como um clube de remo. O registro na primeira ata consta do dia 7 de abril daquele mesmo 1901, por intermédio do líder do grupo, João Victor da Cruz Alfarra. As cores adotadas foram azul e branca. Porém, o vermelho e branco dos barcos praticamente obrigou a mudança, pois o primeiro escudo já mostrava as cores atuais.

Durante quatro anos, a nova agremiação restringiu-se ao remo. O futebol apareceu apenas em 1905, quando um grupo de ingleses formou o primeiro time para jogar apenas aos domingos. Embora com alguma resistência inicial, o soccer - as palavras referentes ao esporte ainda eram muito influenciadas pelos britânicos - entrou na vida do clube, porém com interesse ainda bem reduzido.

Tanto que o primeiro título veio apenas em 1934, quando o futebol ficou mais profissional. Esse ano também marcou a adoção do mascote. No dia 19 de agosto, o Náutico enfrentava o América no campo da Jaqueira. Com a chuva forte o vestiário alagou e os atletas ficaram em campo. Para diminuir o frio, um dirigente levou uma garrafa de conhaque para os atletas se "esquentarem". A torcida americana viu e não perdoou: "Timbu! Timbu!", gritavam, lembrando do marsupial fanático por bebida alcoólica. Ao final do jogo, o alvirrubro venceu por 3x1 e, dali por diante, não largou mais o timbu.

Cinco anos depois, foi fundado o Estádio dos Aflitos, no dia 25 de junho. O adversário foi o Sport, devidamente abatido por 5x2. Ao alvirrubro Wilson coube a honra de marcar o primeiro gol. A construção de sua casa foi o início de uma época dourada para o Aristocrático. Em 1945, a maior goleada: 21x3 no Flamengo do Recife. O ídolo da época era Orlando Pingo de Ouro, que depois brilhou no Fluminense.

Porém a época mais fecunda foi a década de 1960. Nesses tempos, o time dos Aflitos não conheceu adversários em Pernambuco e até mesmo o temível Santos de Pelé curvou-se à genialidade do esquadrão vermelho e branco. Foram nada menos do que sete títulos entre 1960 e 1969, sendo seis deles consecutivos (63-68), feito jamais igualado por outro clube de futebol do Estado.

O time era comandado por Sílvio Tasso Lassalvia, o Bita. Conhecido como "Homem do Rifle", devido aos chutes potentes, ele eternizou-se como artilheiro máximo timbu com 221 gols em 319 jogos. No citado embate contra o Santos, pela Taça Brasil de 1967, pelas semifinais, ele marcou quatro gols. O Náutico perdia por 3x1 e virou para 5x3 em pleno Pacaembu. Na final, os pernambucanos sucumbiram ao Palmeiras, mas tornaram-se o primeiro time pernambucano a disputar a Taça Libertadores, no ano seguinte.

Nas décadas de 1970 e 1980, o futebol pernambucano equilibrou-se e o Náutico protagonizou grandes jogos contra os rivais Sport e Santa Cruz. Ainda nessa época formou dois grandes artilheiros: Baiano e Bizu. A década de 1990 foi a menos produtiva, culminando com a queda para a Série C em 1998.

Os anos 2000, no entanto, marcaram o renascimento. Em 2001, ameaçado de perder o posto de único hexacampeão, o clube fortaleceu-se e conquistou o título do centenário - já realizara a proeza cinquenta anos antes. Além de retomar o orgulho de seu torcedor, ganhou seu ídolo mais recente, novamente um homem de nome sílvio e apelido de quatro letras: Sílvio Luiz Borba da Silva, o Kuki. O gênio irritadiço, a velocidade e a fome insaciável de gols o colocaram na terceira posição na lista de artilheiro do clube, com 184 gols, apenas um atrás do segundo colocado, Fernando Carvalheira.

PROGRAMAÇÃO - E por falar em Kuki, ele será o grande homenageado do dia. Ao meio-dia está marcada a inauguração de um painel do agora assistente-técnico na entrada do estádio, na Rua da Angustura. Mas a programação começa bem mais cedo:

6h30 - Alvorada de fogos
8h - Missa em Ação de Graças na capela Nossa Senhora da Imaculada Conceição seguida de café da manhã.
12h - Inauguração do painel de Kuki nos Aflitos.
15h - Descerramento da placa de Sílvio Tasso Lasalvia, no Centro de Treinamento Wilson Campos.
18h30 - Buzinaço alvirrubro.

No dia 16 haverá o Baile Vermelho e Branco.

3 comentários:

Jr Leite disse...

Oxe Wagner, publicasse a minha homenagem não, pq?

Wagner Rafaell Peixoto disse...

nao publiquei pq eu nao quis, oxi. hehehehe

Anônimo disse...

Wagner, um luxo de 110 anos e uma pisa bem grandona do América pra comemorar!!! Eita presente de aniversário...Kakaka...