Governador vai tornar UPE gratuita. E vai melhorar?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Governador Eduardo Campos resolveu antecipar um anúncio que seria feito no ano que vem: o da gratuidade da Universidade de Pernambuco. O anúncio, segundo a assessoria de imprensa do próprio Governo, vai ser feito amanhã de manhã no Auditório da Fcap.

O próprio Governo teria enviado um projeto de Lei de autonomia da Universidade, propondo dentre outras coisas a isenção de taxas para a Universidade. A mensalidade média da UPE estava em torno de R$ 75,00 por aluno. Isso sem levar em consideração as bolsas aos alunos que não podiam pagar este valor.

O Governador promete também anunciar de onde virão os recursos que irão cobrir o que deixará de ser arrecadado em taxas.

Aí é que está o problema.

O Estado de Pernambuco sempre gastou o mínimo constitucional de 25% em educação. Na verdade sempre teve dificuldade para completar esse percentual. Até curso para policiais militares entra no meio, pois se o Estado não cumprir esta regra, pode até sofrer intervenção.

Com isso, se o Estado continuar assim, necessariamente serão recursos da educação básica que serão subtraídos. Seria bom garantir também que os recursos da UPE ficariam fora destes 25%. Mas isso não vai acontecer.

Por outro lado, realmente ficava esquisito uma universidade pública estar cobrando mensalidade a seus alunos. Não falo aqui de questão ideológica, mas pelo fato de ser uma das poucas que cobravam. Não é verdade também que a UPE era a única universidade estadual que cobrava. A Universidade do Vale do Acaraí, no Ceará, também cobra de seus alunos, inclusive em campi fora do Estado.

Mas a questão principal é: a UPE vai melhorar depois dessa mudança?

A UPE se transformou em um grande “colegião” ao longo do tempo. Não tem professores em dedicação exclusiva (são pouquíssimos), pesquisa é coisa rara, e não tem uma pós-graduação de boa conceituação junto à Capes.

O Governo tem sua culpa nisso, mas a comunidade universitária tem muito mais. Nunca se mobilizou para transformar a UPE em uma universidade de verdade. De universidade a UPE só tem o nome, mesmo com alguns bons cursos, como medicina e odontologia. Pouco se diferencia em relação às faculdades particulares ou centros universitários. O número de mestres e doutores (com diploma reconhecido, não de mentira como daquela Universidade Autônoma de Madri) é pequeno para uma instituição daquele porte.

É dever do Governo exigir uma grande contrapartida em melhoria de qualidade da UPE em troca da gratuidade, porque senão perderá uma grande oportunidade.

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