A banda pode parar de passar-

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Só pra deixar claro, gente. Esse texto é do Díario de PE de hoje. Isso está bem claro na postagem. Ou não? Se não, desculpem


Diário de PE, 28/08


Elas enfrentam dificuldades financeiras, mas continuam existindo. As tradicionais bandas de música, conhecidas como retretas, apesar de esquecidas pela maioria das pessoas, se mantêm vivas, principalmente no interior do estado.


São elas que muitas vezes promovem o patrimônio local, ajudando a animar culturalmente a região. Algumas resistem tocando em coretos, acompanhando procissões, festas, bailes e solenidades religiosas. Em Pernambuco existem cerca de 150 retretas. A mais antiga é a Sociedade Musical Curica, de Goiana, município da Mata Norte. Fundada em 8 de setembro de 1848, a banda foi eleita Patrimônio Vivo da cultura pernambucana em 2005. Mas atualmente tem problemas para se manter. E pode parar de tocar.

O músico e diretor financeiro da Curica, Adriano Vicente Araújo, 26 anos, diz que o título ajudou bastante na evolução da desenvoltura da banda. Mas alega que faltam incentivos dentro do próprio município. "Recebemos muito pouco em troca. Geralmente, só por ocasião de festas religiosas, quando fazemos apresentações acompanhando os cortejos e as procissões", lamenta. Resultado: a Curica sobrevive praticamente dos R$ 1,5 mil mensais do título de Patrimônio Vivo. Dinheiro aplicado na compra e manutenção dos instrumentos e no deslocamento dos músicos, que geralmente tocam em outros municípios do interior do estado. Os 55 componentes, em sua maioria crianças e adolescentes, recebem, em média, R$ 45, por festa. "Todos têm outra atividade para se sustentar. Eu, por exemplo, sou técnico em contabilidade", ressalta Adriano.



A banda está instalada num casarão com sede própria, onde os maestros e auxiliares mantêm a Escola de Música Professor José Conrado Souza Nunes, onde adolescentes recebem orientação musical gratuita. "É difícil porque as pessoas tendem a não valorizar a banda. Mas o nosso trabalho é filantrópico e por amor à música", resume. A Curica também fez parte da Guarda Nacional e ganhou prêmios e concursos importantes, como o de Melhor Banda do Interior, em 1986, em Caruaru. Fizeram parte do quadro de sócios personalidades ilustres de grande importância da política brasileira, como o presidente Getúlio Vargas e o interventor do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha.

O auge - As bandas pernambucanas tiveram seu auge entre os anos de 1975 a 1982. Nessa época, tocavam nos grandes parques da cidade durante os fins de semana, atraindo um grande público. O pesquisador e historiador Leonardo Dantas Silva, que promoveu nesse período as retretas na Praça do Derby, lembra que as famílias se reuniam para assistir às apresentações. "Uma vez por mês, a Orquestra Sinfônica do Recife também fazia um espetáculo", contou. Dantas Silva acredita que a falta de interesse político fez com que as retretas se apagassem do cenário musical. "Elas estão esquecidas", ressaltou. De acordo com o historiador, as primeiras bandas surgiram no Brasil no início do século 19. "Em Pernambuco, durante a visita de Dom Pedro II ao estado em 1859, o imperador foi recebido várias vezes em solenidades ao som de bandas no Recife, em Goiana, na Mata Norte, e em Escada, na Mata Sul", recorda. A Curica, por exemplo, se apresentou para Dom Pedro II na passagem do imperador pela cidade em 6 de dezembro de 1859.

As mais antigas

Sociedade Musical Curica (Goiana) - 1848
Saboeira (Goiana) - 1849
22 de Novembro (Paudalho) - 1852
Santa Cecília (São Bento do Una) - 1854
Sociedade Musical Pedra Preta (Itambé) - 1870
Banda de Música da Polícia Militar de Pernambuco (Recife) 1873
Euterpina Juvenil Nazarena (Nazaré da Mata) 1884
Nova Euterpe Caruaruense (Caruaru) - 1896
São Sebastião (Belo Jardim) - 1887
Isaías Lima ( Triunfo) - 1890
15 de Novembro (Gravatá) - 1900
Filarmônica Dinon Pires de Carvalho (Belém de São Francisco) - 1900
Comercial de Caruaru (Caruaru ) - 1900

3 comentários:

The Fly disse...

Wagner, eu acho que você se equivocou ao dizer que as bandas de músicas são chamadas de retretas. Na realidade, RETRETAS significam "Toques de bandas de músicas em praça pública", ou seja, retretas são ações das bandas.Por outro lado,Belo Jardim sendo a cidade dos músicos e é mesmo, não existe uma banda de música militar que seja das forças armadas do brasil, ou do Corpo de Bombeiros, por exemplo, que não tenha um representante de Belo Jardim - PE. Além de maestros, cantores, compositores, etc e tal que estão pelo Brasil e muitos conhecidos, internacionalmente,como é o caso de Papudinho, irmão de João Torres, maestros como Zé vieira, Wlisses Lima, cantores como Otto, por exemplo. Mas, a assistência do poder público municipal e a cidade como um todo não valorizam estes profissionais. As duas bandas de Belo Jardim, não sei como ainda resistem.

Anônimo disse...

Por que não se encontra na lista,a Banda Filarmônica de Belo Jardim?

Anônimo disse...

Wagner, você está mais por dentro do histórico da Sociedade Musical Curica de Goiana do que a Cultura e Filarmônica de Belo Jardim, não é? Fêz um comentário e tanto sobre a Curica de Goiana e esqueceu de falar sobre as bandas de Belo Jardim, não foi?