Greve na Educação?! Que greve?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Outro texto, também do Blog ACERTO DE CONTAS, dessa vez escrito por Marcos Bahé



Há cinco dias que os jornais registram a greve dos professores da rede pública de ensino. Pelo estardalhaço, pensei que do litoral ao sertão não estava acontecendo uma aula sequer. Mas eis que os números oficiais desmentem. Das 1.100 escolas estaduais, só 19 estão paradas. Outras 193 têm adesão mínima, com dois ou três grevistas. Dos 26 mil professores, apenas 2,5 mil aderiram ao movimento.


Esses dados foram extraídos do ponto dos professores, hoje, pois o governo vai cortar os dias parados.

Ou seja, a greve está sendo um fiasco. E seria um fiasco de qualquer forma. Porque greve na educação pública é um jogo em que todo mundo perde.

Antes de continuar, digo em minha defesa que fui aluno de escola pública minha vida toda, do ensino fundamental à universidade. Na minha época não tinha fardamento gratuito, nem livros didáticos entregues pelo governo, nem merenda todos os dias. Mas já tinha greve. Quase todo ano.

Sei muito bem o prejuízo que uma paralisação provoca na vida de um estudante. Vi colegas que saíram da sala com a greve e nunca mais voltaram. E, por isso mesmo, sempre fui contra.

Numa greve da educação, o movimento penaliza o aluno, não o governo. Mas os professores insistem em raciocinar como se fossem peões de uma fábrica. Ora, quando uma fábrica para, o prejuízo é do dono, pois ao cliente basta substituir aquela marca por uma similar. E uma greve nas escolas públicas, que saída resta aos “clientes”? Nenhuma.


Na última década, o Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Pernambuco (Sintepe) comandou uma greve a cada ano. Foram 200 dias sem aulas no total. O equivalente a um ano letivo. Agora, perguntem a qualquer aluno da rede como é feita a reposição… Na correria, com o conteúdo prejudicado.


O movimento sindical dos professores se recusa a buscar outras formas de reivindicação, que penalize menos a sociedade. A estratégia é sempre tentar colocar a população contra o governo, o que poderia ser feito de muitas formas. Mas esse instrumento de luta (a greve) foi tão banalizado que não tem aderência da população, nem mesmo da categoria.

Vejam na foto acima a passeata dos professores, há dois dias, no centro do Recife. Mal deu para ocupar toda a frente do Ginásio Pernambucano (que não está em greve, diga-se de passagem). E olhe que parte do público presente era de estudantes e militantes de outras categorias, ligados aos dois partidos que comandam o Sintepe (PT e PCdoB).

A reivindicação dos professores é justa. Independente do piso ter sido antecipado ou não, um salário de R$ 950,00 para um professor é um escândalo. Ainda mais quando outras carreiras do serviço público têm vencimentos nababescos.

Por outro lado, com 26 mil professores na ativa e outro tanto disso de aposentados, a categoria como um todo pesa muito na folha de pagamentos, mesmo que individualmente os salários sejam pequenos. Qualquer reajuste, tem um forte impacto no caixa.

Só que, da mesma forma que o governo precisa ser criativo para encontrar saídas para essa questão, os professores também precisarão ser criativos na sua forma de luta.

Do contrário, os salários vão continuar vergonhosos. A qualidade da educação, péssima. E o Brasil não sai desse terceiromundismo de merda.


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