Desagravo a Zé Lopes

Caros e parcos, todos vocês conhecem um defeito meu: se alguém faz algo que julgo certo, eu elogio, mesmo que seja um adversário. Ao mesmo tempo em que posso criticar alguém que erra mesmo em se tratando de um aliado. É algo muito louco, né não?

Vou-lhes da rum exemplo disso ao passo em que faço um desagravo público.

Desde 1996, ano em que Zé Lopes entrou na política como candidato a vereador, eu me oponho a suas ideias e posição política. Nunca votei no mesmo candidato que ele, nunca fui com a cara dele pessoalmente. É um típico adversário. E nada disso nunca me privou de disfrutar da amizade de seus filhos, ou de lhe dispensar tratamento respeitoso nas ocasiões em que podemos trocar meia-dúzia de palavras. E não me impedirá de dizer o que direi abaixo.

Zé Lopes foi trapaceado. Enganado. Passado pra trás. E tudo isso por uma pessoa a quem ele acolheu no partido que presidia (embora não houvesse lá muito jeito de não aceitar, já que foi imposição do governador).

A decisão de Zé Lopes em votar as contas de João não levaram em consideração se se tratava de um adversário ou de um aliado. Levou em consideração apenas a obediência aos trâmites LEGAIS que o ritual de presidir a casa legislativa exige.

Sem temer cara feia nem represália (que já sabemos, houve e foi grande), o vereador deu a cara a tapa e colocou as contas de João Mendonça para serem votadas, desagradando boa parte do seu próprio partido. Em contrapartida, JM articulou para tomar-lhe a presidência do partido, pois, a essa altura, enxergava a possibilidade de ficar inelegível.

Depois de ser enxotado da presidência do partido, Zé Lopes poderia ter se acanhado...poderia ter ido pedir arrego a JM. Não o temeu e segue com sua disposição. Mesmo tendo recebido ordem do TCE (que, estranhamente, não veio assinada por sua presidente, e sim pelo chefe do protocolo) pedindo as contas de João Mendonça (lembrem-se, com parecer pela REJEIÇÃO), Zé Lopes vai colocá-las em votação ainda nesse semestre. Faltam duas reuniões para o fim das reuniões antes das férias, e se as contas não forem votadas agora, João será candidato, mesmo que no regresso dos trabalhos ele seja derrotado, ficando, assim, sub-júdice.

Eu sempre disse aqui que o DEM não deve temer a candidatura de João e parar de ficar torcendo pra que isso não aconteça. As vezes, disseram que eu fazia o jogo do CONTRA. Hoje está claro que eu faço o jogo do REALISTA. João tem tudo pra ser candidato, e é bom que seja, para que o DEM para de mentir pra seus próprios aliados. Um dia diziam que JM não seria aceito no partido; no outro, que as contas seriam rejeitadas; no outro, que o governador não o apoiaria...É uma mentira atrás de outra. João que seja candidato. Cabe ao DEM derrotá-lo na URNA, e não no tapetão.

O que não significa que, com a legislação proibindo a candidatura de quem é FICHA SUJA, o DEM não possa brigar pelo direito de barrar JM da disputa. Mas que faça isso usando a JUSTIÇA, e não a FOFOCA.

Voltando a Zé Lopes, quero parabenizá-lo pela coragem de enfrentar tudo e todos em nome da sua consciência limpa e de sua honradez. Nenhuma aliança...nenhum acordo político pode ser maior do que a legislação brasileira. Zé Lopes honra, dessa forma, todos seus eleitores e muitos que não são seus eleitores, mas que o passam a admirar dessa forma. Mesmo que as contas de JM não sejam votadas, saberemos que isso não se deu em função da má vontade de Lopes, pois, dele, temos o compromisso com a verdade e a legalidade, doa a quem doer, mesmo que a seus supostos aliados.

Em tempo: apenas um motivo pode dar aos aliados de João Mendonça a certeza de sua candidatura: um acordo com o governador para impedir que suas contas sejam votadas. Pois, todos sabem o resultado caso eles venham a ser julgadas pelos vereadores.

E aí eu lhes pergunto: é justo? É honesto? É republicano? É democrático um acordo como esse, que dá a certeza a essa gente de que João não será julgado por suas contas REJEITADAS?